quarta-feira

existe ainda o amor e a água das chuvas


existirá para sempre o amor e a água das chuvas.
contigo nunca esquecerei os pássaros.

sábado

vou pedir-te um beijo e depois começar de novo




      vou pedir-te um beijo e depois começar a ler o livro
      aquele que um dia me emprestaste à pressa 
      à saída do metro de sete rios. sei que sorriste 
      ao colocar as mãos nos bolsos e eu apertei firme a pontinha dos pés e 
      contive o abraço. mas um dia vou pedir-te um abraço e depois um beijo
      como os que vejo nos filmes, como os dos amantes que anoitecem 
      de mãos dadas. vou pedir-te a água dos passeios, pedir-te que fales da paz
      que perdemos ao aproximarmo-nos de tudo o que amamos,
      do que podemos transformar ao darmos as mãos.
      só tenho como anoitecer contigo. não tenho como elevar-me 
      ao cimo do fogo, não tenho como sentar-me à mesa do café 
      e fingir ver-te dançar. às vezes apareces e cantas uma canção 
      eu sento-me nos telhados e começo a contar-te os dedos dos pés. 
      um dia vou pedir-te que cases comigo que não esqueças a casa e o mar
      que me leves no teu colo a andar de bicicleta.