existia um fogão e a suportá-lo era uma pedra
de mármore, quase sempre bem limpa. mesmo
por baixo havia um lugar pequenino e escuro com
duas portas desalinhadas, difíceis de fechar. era ali
que estava a caixa, guardada, religiosamente, a caixa
de bolachas: as campechanas que a avó aurora nos ofereceu
naquele natal não recordo agora o ano
ao certo. lembro-me que não sorri quando
fui receber os tios à porta, nem à prima lúcia que
com a boca ainda lambuzada de iogurte e açúcar perguntava
à mãe se a deixava ir brincar
um bocadinho. eu queria que viesses
depressa e convencesses o cão a não ladrar
de cada vez que eu passava com os meus
brinquedos em frente do tanque da tua
mãe. ao certo, só havia a parede e o estendal
as molas enfraquecidas pela chuva e eu gostava
do frio das tuas mãos.
35 comentários:
na minha infância havia um tanque com um cão a ladrar ao pé.
agora deixaste-me mais lamechas do que já sou.
bjinho tóxico*
Bolas! Tão bonito o que escreves!
Vou passar a vir aqui! Tanta coisa boa por esses blogs fora e eu sem conhecer!
eu também já morei numa dessas casas antigas em que o fogão fica demasiado alto por estar em cima de uma pedra de mármore. tinha que subir os braços até a altura dos ombros quando estava a cozinhar e sentia-me sempre como se estivesse a manipular marionetas :) foi há dez mil anos atrás no bairro dos actores, numa cidade feita de luz...
beijinhos
recordarei sempre certa despensa e seu cheiro, ainda hoje parece que existe, cheiro de pão.
a doçura e abeleza transformadas em recordações
e a tua força está precisamente
ali
bem hajas ,princesa Aïda!
um beijo
(as sobrancelhas arqueadas, os olhos muito abertos e a cabeça a abanar ligeiramente como quem não acredita, não é possível algo tão simples e tão belo)
abraço
sim!tão bom o frio das mãos!
:)
que escutemos sempre o segredo...
abraço bom aida
recordar é viver ...
e ler algumas recordações é realmente PERMANECER EM VIDA ... ainda mais quando elas estão sob a forma de palavras que combinam tão bem, mas tão bem, umas às outras ...
[lindo]
beijinhos encantados
:)
A memória. A infância. A inocência.
Belo poema. Um beijo.
lindíssimo, aida. (muito,
muito). do início ao fim.
cosido com pontos-menina
em cada respiração, ternos,
a apertar um pouquinho só
por causo do frio. e no fim
o frio quentinho..
(isto aqui é mesmo bom)
um beijinho.
tu escreves muito bem.
às vezes, venho aqui ler-te e nem tenho coragem de repetir-me.
beijinho
...e eu deste quotidiano de palavras belas com cheiro veRde
Quando o tempo desce em nós, as memórias fazem-nos voar aos espaços do ontem ainda com cheiro.
Uma recordação... uma sensação...
Um fluir...
Bj.
Ah, obrigada pela vbisita lá no meu azul.És sempre bemvinda.
Bj.
Por vezes é complicado dizer o que nos faz gostar de algo. No caso das palavras da aida monteiro n~~ao me é dificil dar uma razão para gostar. Gosto do qe escreves, aida, por isto:
"ao certo, só havia a parede e o estendal
as molas enfraquecidas pela chuva e eu gostava
do frio das tuas mãos."
a beleza do quotidiano, enaltecia pela memória e pela colocação exacta das palavras, uma colocação quase perfeita e humana. E eu gosto tanto e coisas humanas e que tocam de maneira certeira em corações por aí fora.
**
Voltarei.
Todas as imagens bem retratadas... espelhadas... num pulsar de saudade e de vida no hoje!!!
Boa semana
bjo doce
...*
menina tóxica,
as lembranças deixam-nos sempre assim...um bocadinho lamechas:)
abraço grande.
ana,
gostei da tua forma de entrar e bolas, bolas digo eu:) enquanto espero que voltes.
gostei da imagem que me surgiu ao ler como se estivesse a manipular marionetas;)
às vezes, usava um banco e ficava um bocadinho de joelhos, à espera de ver levantar a fervura do leite. depois soprava e era quentinho e bom.
abracinho.
e existe, inbluesy, existe:)
(...)
princesa, princesa gabriela
apetece-me deixar-te estrelinhas e uns quantos abracinhos pendurados nelas:)
ninguém,
(...)
encosto-me um pouco para trás na cadeira, a cabeça inclina-se ligeiramente para o lado esquerdo e sem ter palavrinhas do mesmo tamanho deixo um sorriso.
(gosto quando vens)
que escutemos sempre o segredo.
abraço bom sophia:)
e que tenhamos sempre muito a recordar e um coração quentinho.
:)
obrigada, graça.
(...)
um beijinho para ti
em cada uma das tuas palavrinhas.
beijinhos de menina
a apertar um pouquinho por causa do frio. sabes, bruno, as tuas visitas deixam sempre um quentinho muito, muito bom:)
abracinho, ana.
não faz mal. aqui é bom quando nos repetimos em sorrisos:)
un dress,
abraço grande.
:)
um abraço mateso no teu azul,
o tempo...é bom quando descemos um bocadinho com ele e trazemos pedacinhos de memórias.
gosto tanto quando leio e sinto que o que os outros dizem saiu do fundinho do coração... são muito belas as tuas palavras (...) guardo-as com carinho, ana.
abracinhos muitos
à tua espera:)
um abracinho, presença.
(...)
três beijinhos, eyes shut.
:)
Deixo-te o meus votos de um
Bom Natal e de um Feliz Ano Novo
bjo doce
obrigada, presença.
cheguei um bocadinho tarde para desejar Bom Natal, mas aqui fica um abraço a desejar um bom ano:)
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