há muito tempo que conversamos sobre as coisas
que não têm um lugar fixo nos móveis. a moldura é pequena
e mesmo assim, nela a imagem, a única a lembrar-nos
o apartamento e alguns objectos que aconteceram
naquele dia. às vezes, as plantas eram colocadas no chão
da varanda, perto da sombra causada pela roupa do estendal
ou ao lado da estante de pinho, no quadrado da sala.
temos de dar um lugar certo às coisas, um lugar onde
possam morrer para depois ficarem aqui, presas aos olhos
como uma luz sépia a confundir-nos o corpo todo e
a parte mais funda da terra. não havia mais nada
para dizer e tu inventavas as horas da tarde e o bairro
da tua rua era uma extensão de pessoas a esquecer
promessas e a olhar ao cimo, as duas torres da igreja.
naquela manhã pouco importaram as conversas. ela deixara
o quarto meticulosamente arrumado e a sopa ainda
ao lume. ninguém diria que teria sido possível vê-la
morrer assim, de pulsos cortados.
25 comentários:
Acho fenomenal a carga de promenores disparados nestes breves trechos.Isso é que é um recheio-cheio. Ainda que retratem quase sempre inevitavelmente finais trágicos... Pois bem, são o que esta vida simples é.
Mas no meio de tanta escuridão há-de haver sempre luz (...)
Acho que pertencer ao teu bairro é algo que me apraz :)
Beijinho de cá do meu *
Acho que pertencer ao teu bairro é algo que me apraz :)
Beijinho de cá do meu *
Texto muito bom... Música maravilhosa... Dá vontade de não ir embora...
Mas, gostaria de lhe enviar nosso jornal LITTERA TOUR... Me passaria seu e-mail?
pulsos brancos a verter na moldura pequena...
lindo!
beijinho bom
Os pulsos abertos pela rotina...
Belo poema.
Um beijo.
bela forma : creio
que
tão
reconhecida
de mim...
~
tão triste e bonito, susana miguel. *
tão humana mente
TU
princesa Aïda
.
um beijo
Há algum tempo levei comigo coisas que tu escreveste. Queria muito fazer três ou quatro páginas ilustradas, mas só consegui fazer uma. Está aqui:
http://www.flickr.com/photos/ameninalice/2715396620/in/set-72157606340796827/
E para quando novos escritos? Continuo a vir espreitar o teu bairro.
Nossa!
De uma força delicada, ainda que cruel.
Parabéns.
é verdade, isis.
há sempre uma luzinha.
é bom ter-te por cá;)
um abraço.
ó vizinhaa, venha à janela,
conte-me coisinhas boas para a gente sorrir que isto de vez em quando faz um mau tempo por aqui;)
beijinho, isis.
obrigada pelas palavras, betão.
claro que sim. o e-mail está no cantinho direito, mesmo por baixo do ver meu perfil completo;)
abraço.
sophia, o beijinho de sempre;)
obrigada, graça.
é sempre bom receber-te.
um abracinho.
um abracinho em pontinhas,~pi;)
obrigada e vem cá ter mais vezes.
(a rodopiar e se conseguires a fazer ventinho bom, sim?)
nem sei o que responder, ana salomé. baixinho, só para nós: é um bocadinho como o outono, não é? sabes, gosto quando cá vens, fico assim mais sorridente;););)
princesa gabriela, um abraço grande e repetido vezes sem conta;)
alice, linda alice. gostei muito muito, assim do tanto e a sorrir.
obrigada e um beijinho grande;)
l.m,
obrigada:) és bem vinda e volta sempre, sempre que quiseres a janelinha está aberta.
um abraço.
obrigada pela atenção, isis.
fim de férias e regresso ao trabalho, tudo muito baralhadinho, deu falta de tempo, mas já cá estou outra vez:)
obrigada pelas palavras, anjo.
um abraço. és bem vindo, aqui, nesta casinha:)
linda alice, se puderes envia-me o teu e-mail, sim? quero comentar-te, mas tens as janelinhas fechadas, assim não podemos conversar...fico à espera:)
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