este bairro é pequeno e assim sempre que a vejo
chegar ao cimo da rua fico mais um bocadinho à janela e,
às vezes, confundo-a um pouco com o verde das árvores quando
atravessa o jardim. sempre à mesma hora, sempre à mesma hora
e eu a vê-la passar e a limpar os olhos e as manhãs que lá existem.
queria tanto dizer-te que aqui as casas entram para dentro dos corpos
e que se conheci o teu umbigo não foi por acaso que as noites ficaram
mais claras. agora, há mães que dormem e chove menos e os telhados estão
mais limpos neste domingo. chamar-me-ias louco se eu te dissesse
que todos os dias morrem mães e há ainda aquelas que não dormem e
que afirmam que o céu é uma construção sólida de blocos cinzentos.
um mundo cheio de lados contrários ao nosso, um bairro e eu
a ver-te ao longe e ao teu caminho e ao teu cabelo, enormes.
16 comentários:
Que lindo...
Vi tudo a correr, com a rapidez com que li, sofregamente, estas palavras.
Muito, muito bonito. Aliás, como sempre.
Beijinhos!
**
deixa sempre a vontade de ler mais e mais...
"todos os dias morrem mães e há ainda aquelas que não dormem"
nunca dormem as mães
abraço
"todos os dias morrem mães e há ainda aquelas que não dormem"
:) lindo como sempre...
abraço
um bairro pequeno e um poema dos maiores.
Beijos, Susana.
um abracinho, laura.
obrigada;)
um miminho, liliana.
(linda como sempre és tu e as tuas ilustrações cheias de vida)
...e mais um bocadinho. e um bocadinho de cada vez;)
um beijinho, alice.
um abraço grande, aurora:)volte sempre;)
saudades (muitas muitas) dade amorim. beijinhos;)
"as casas entram para dentro dos corpos"
lindo poema, cheio de imagens mães, umbigo, manhãs, contrários.
sempre bom passar por aqui.
beijo!
obrigada, natália.
um beijinho muito grande.
E agora pergunto (não que seja a pessoa mais indicada para fazer este tipo de cobranças), mas.. mas.. para quando mais um texto lindo para ler e reflectir?.. :)
Beijinhos!
**
claro que és:) beijinhos!
ando assim assim meio fugidinha, mas um dia destes volto.
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