quarta-feira

nunca os nossos olhos estiveram assim
tão fechados. era inimaginável dentro deles
os detalhes todos de uma varanda, o meio-dia
e o que depois de tantos anos viríamos a descobrir
no remetente de uma carta, no pó de uma estrela
acima do rio. o que não existia parecia tão pouco
quando cruzávamos os dedos das mãos e ficávamos
ali sentados a observar os autocarros que paravam
na rotunda e a ver a água que caía das janelas.