sexta-feira





















A varanda aberta. o vestido é macio quando o toco.
vou aqui ficar. vou morrer-me nesta casa
toda ela feita de sangue enquanto a noite não vem.
poderia dizer-te. mas é o frio que me escreve nas mãos
Queres que te lembre, meu amor?
não respondo. penso
o sangue. a febre
aberta. o silêncio
as casas
e agora a distância dentro delas.





Fotografia de Berenika.



terça-feira




















gostava tanto que ficasses. que me falasses dos barcos
que ainda passam por nós. das cadeiras
onde nos sentámos tantas vezes e possíveis fomos
no cimento da boca.
tenho a força do pulso. esta outra forma de ser
frágil sem que o saibas.
onde guardas as coisas tristes?
e as mãos
ainda transpiram debaixo de água?

Fotografia de Berenika.