segunda-feira




















desta vez, quando abrires a porta quero olhar-te
bem dentro dos olhos. mais triste
como quem sabe o incerto e o reconhece. ao longe.
faz tanta falta o vento na janela. o frio.
o coração no lugar da terra. lembra-me
és feliz, meu amor? às vezes acredito
que o mar se estende
e que é em ti que nasce
o fim de tudo.



Fotografia de Berenika.

quinta-feira





















a ver-te. a chávena caída no soalho.
deixas ficar a mancha, como se fosse
o derrame de uma laranja
o ar que cresce cada vez mais alto.
a luz lava-te a sombra. as cores
ficam mais lisas no lado aberto do teu sorriso.
são altíssimas as tardes
quando as contas à superfície
e pensas completos os dedos


por cima do sol.




Fotografia de Berenika.



quarta-feira




















deixada há muito
na distância do que podia.talvez.
espere. peça a árvore que abre em silêncio a noite.
morrerei do lado de fora? dizes
que não. que a luz
parece fogo
mas não queima as mãos quando deitadas e as
mergulhamos no centro pulmonar.
e há sempre a música. parece chorar. ouves?
não precisas pedir. acaba o teu café.
e se o fogo entrar? é por mim

que ficas?


Fotografia de Berenika.



terça-feira

coloquei a toalha de linho sobre a mesa. queres escutar o que escrevi?
amadureceram por dentro todas as estações. diz-me que sabes.