sexta-feira

podemos conversar sobre as árvores que ainda existem na tua rua.
sobre os livros que esquecemos e de algumas pessoas que morreram
nos últimos anos. talvez ainda lembrar o sentido dos comboios e
a insignificância extraordinária que damos aos homens que obedecem às leis,
aos carteiros de bicicleta e mala a tiracolo de pele. eles não prescindem
dos factos e todas as cartas são entregues numa matemática quase perfeita
na convicção de que um esconderijo poderá demorar anos até
se tornar habitável por outros homens. podemos conversar sobre tudo
o que não é segredo. não poderemos voltar a falar de amor.