quarta-feira

à minha irmã amélia agrada-lhe os meus vestidos e pensa
que eu sou feliz. chama-me e diz vera, o táxi já chegou e agora
quando cá voltas para nos abraçarmos muito e vermos as coisas

como elas são. não podemos falar das coisas como elas são,
da determinação que às vezes surge em procurar as escadas e desce-las a todas
e ficarmos ali a desentender o silêncio e a planear guardá-lo para que
ninguém o saiba. e nem sempre o que nos diz e o que dizemos depois aos outros é a verdade. há a ideia de uma dúvida e para isso servem os nossos braços
e a segurança de que são frágeis, os teus e os meus, para separar a morte
da força da corda quando não sabemos o fim que escolher.
encontramo-nos agora numa idade comum a quase todos onde nos demoramos
a alinhar frases e a procurar palavras que se mostrem
mais inteligíveis num destes dias. há-de fazer sentido assim,
umas ao lado das outras, o vento e a luz no candeeiro, concordámos.