quinta-feira

chove e é uma rosa e eu não sei se te foi muito difícil o azul - disseste.
ele disse-lhe que ela ainda conseguiria cantar e que o segredo está na forma
das mãos dela e é branco. é branco como será sempre branco o branco
frio da neve. ela disse-lhe que é abstracto e doce, que nas costas das mãos
o leite é branco e quente quando desce, quente sempre quente
a entrar nos poros, quente como o peso da roupa quando a retiramos
do nosso corpo ou ainda húmida da máquina ou quando a colocamos à pressa,
seca e do avesso, no alguidar, com água a ferver por baixo e
um pouco de detergente. um pouco da noite do outro lado e um armazém.
chove e é como uma rosa esta artéria que move o ar e não se vê e
eu não compreendo, não sei porque te digo isto agora, meu amor.