terça-feira

funeral às duas da tarde





















da helena que morreu fala-se pouco.
dizem que havia um homem que a amara
que o seu coração tivera sido enterrado lá longe
numa montanha. dizem que ela chorara muito lá longe
que falara de uma vida inteira escrita num muro
num muro alto num muro alto e escuro. mais alto
do que escuro mas o quanto baste para não se verem
as árvores. da helena que morreu e deste inverno
tem-se falado pouco. dizem que há a noite e o café
e a música que tudo torna diferente e possível.
da helena dizem que inventou o amor dentro de uma casa e
que mais tarde lhe deitou o fogo. que o seu coração ia
cinzento quando o enterraram.


fotografia de b.berenika.



4 comentários:

Obah Design disse...

Tão bom ler-te de novo e de novo.de casa nova. palavras lindas. como sempre.

Susana Miguel disse...

a casa precisava de um ar fresquinho. obrigada pelas palavras. é bom saber e saber que lês de novo.volta sempre.

um beijinho, Obah.

Graça Pires disse...

Um poema fantástico como sempre. Falarás sempre da helena porque ela sabia amar...
Um beijo.

Susana Miguel disse...

(...) verdade, Graça.

um beijinho e obrigada pelas suas palavras.